Human Entities 2020: a cultura na era da inteligência artificial - conversa pública com Margarida Mendes / 12 novembro, Lisboa

Artes digitais
Human Entities 2020: a cultura na era da inteligência artificial - conversa pública com Margarida Mendes / 12 novembro, Lisboa

Vera Marmelo

A Trienal de Arquitectura de Lisboa recebe a segunda conversa da 4ª edição do “Human Entities", um programa de conversas públicas focado na mudança tecnológica e nos seus impactos - nas formas como a tecnologia e a cultura se influenciam mutuamente.

Sinopse:
Durante a pandemia assistimos a uma aceleração da incursão da tecnologia na vida quotidiana. Contudo, depois de anos de reivindicações grandiosas sobre soluções tecnológicas para todos os problemas do mundo, a resposta geral dos gigantes tecnológicos ao vírus foi mais do que decepcionante. Enquanto muitos governos nacionais lutam para enfrentar esta crise, os ganhos de Silicon Valley continuam a exceder todas as expectativas.
Estes são tempos estranhos – e este é um momento de particular transição. Mas mesmo antes da covid-19, era frequentemente afirmado que estávamos a viver uma mudança fundamental. Este já era um período no qual um conjunto de desafios, acima de tudo a destruição ambiental, nos forçava a reconhecer que muitos dos nossos valores dominantes são insustentáveis. Num tempo de mudança tecnológica, as crises políticas e o aumento dos desequilíbrios societais, continuam a provar que muitos dos nossos sistemas complexos estão no limite da sua reprodutibilidade – as relações entre humanos e entre estes e o seu ambiente necessitam de renegociação urgente.
E no entanto, em todo o mundo vemos uma multitude de experiências e processos positivos onde governos locais, cidadãos, empresas e universidades se estão a juntar em torno de iniciativas inovadoras a nível local mas com potencial de relevância à escala nacional e global. No meio da crise actual, novas ideias estão a emergir em todo o lado.
Assim, talvez este seja também um tempo para atender ao próprio processo de mudança, embora sabendo que a transformação social envolve complexas configurações de atores. Em relação à tecnologia, embora seja difícil examinar tais configurações – pois, como sabemos, as estruturas através das quais vemos a tecnologia são em si mesmas tecnologicamente mediadas – devemos usar este tempo para parar e reconhecer o nosso próprio envolvimento na perpetuação de normas sociais e culturais insustentáveis. Finalmente, neste estado de crescente incerteza, talvez possamos também fazer uma pausa para considerar de que forma pode esta condição ser entendida como um factor para transformações positivas na sociedade, tecnologia, economia e no comportamento das pessoas. Apesar da sensação temporária que muitos de nós têm de estar presos no presente, talvez possamos também reflectir sobre como adoptar uma maior aceitação da incerteza, uma que nos permita avançar em direção a futuros mais desejáveis.
CADA (Sofia Oliveira/Jared Hawkey)

#Conversa 2
Sistemas fluviais e o corpo molecular
Margarida Mendes 
Curadora, investigadora e activista

Podemos traçar o perímetro exacto da cartografia molecular de um rio e estimar o alcance que as consequências destes sistemas de fluxo catalítico têm, dentro e fora dos corpos vivos? Os sistemas fluviais e infra-estruturas circundantes são enormes sistemas hidrogeológicos, químicos e electromagnéticos, que conectam habitantes e ecossistemas através de um fluxo irreverente de descargas e movimentos, que os seres humanos tentam domar através de direitos de caudal e projetos de restauração costeira. Deste modo, as infra-estruturas aquáticas e fluviais são pontos de partida essenciais para a análise de sistemas, e reflexão sobre os corpos e ecossistemas, da escala molecular à escala planetária. Tentando compreender a ligação entre caudal fluvial, ruído, toxicidade e industrialização, irei focar-me nos habitats do rio Mississippi e do rio Tejo, questionando de que forma o nível de ruído de fundo e o desequilíbrio químico podem estar ligados a perturbações endocrinológicas. Ao investigar a continuidade química e vibracional entre o corpo e o ambiente, especularei sobre como diferentes ontologias e mecanismos sensoriais poderão ser necessários para possibilitar um debate mais profundo sobre ecossistemas ameaçados.

Margarida Mendes
Margarida Mendes é curadora, investigadora e activista. A sua pesquisa ─ com enfoque no cruzamento da cibernética, filosofia, ecologia e filme experimental ─ explora as transformações dinâmicas do ambiente e o seu impacto nas estruturas sociais e no campo da produção cultural. Integrou na equipa curatorial da 11ª Bienal de Gwangju (2016), 4ª Bienal de Design de Istambul (2018) e 11ª Bienal de Liverpool (reagendado para 2021). Em 2019, lançou a série de exposições Plant Revolution! (CIAJG, Museo La Tertulia), que questiona o encontro interespécies explorando diferentes narrativas de mediação tecnológica, e em 2016, curou a exposição Matter Fictions, no Museu Berardo, publicando um livro na Sternberg Press. É consultora de ONGs ambientalistas que trabalham sobre a mineração no mar profundo e dirigiu também diversas plataformas educacionais, como escuelita, uma escola informal do Centro de Arte Dos de Mayo - CA2M, Madrid (2017); O espaço de projectos The Barber Shop em Lisboa dedicado à pesquisa transdisciplinar (2009-16); e a plataforma de pesquisa curatorial sobre ecologia The World In Which We Occur/Matter in Flux (2014-18). Margarida Mendes é doutoranda no Centre for Research Architecture, Visual Cultures Department, Goldsmiths University of London e colabora frequentemente com o canal online de vídeo reportagem Inhabitants-tv.org.

Links
http://goldsmiths.academia.edu/MargaridaMendes (
https://soundcloud.com/margaridamendes (
http://www.twwwo.org/ 
A conversa será em língua inglesa e seguida de uma sessão de Q&A.

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Ficha técnica:
Organização: CADA em parceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa  
Financiamento: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
Apoio: Câmara Municipal de Lisboa, ISCTE-IUL e NOVA LINCS
Design: Marco Balesteros (LETRA)

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Local, data e horário:
Trienal de Arquitectura de Lisboa; Campo de Santa Clara, 142-145, 1100-474, Lisboa
Evento ao ar livre.
12 de novembro - 18h30

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Informações sobre bilheteira:
Entrada livre, mediante registo 
Inscrições: https://www.eventbrite.pt/e/registo-human-entities-2020-margarida-mendes-125006520869 
+16

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Acessibilidade:
Acessível para pessoas com mobilidade reduzida. 

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Contactos:
CADA
Sofia Oliveira / Jared Hawkey
Ed. Interpress - Rua Luz Soriano, 67, 3º, sala 38, Lisboa
www.cada1.net