Instalação "Por hoje é tudo" de Carlos Augusto Ribeiro, online, no site da Memoria Imaterial

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Instalação "Por hoje é tudo" de Carlos Augusto Ribeiro, online, no site da Memoria Imaterial

A Cooperativa Cultural Memoria Imaterial estreia a instalação online "Por hoje é tudo" do investigador e artista plástico Carlos Augusto Ribeiro. Esta instalação apresenta um novo conjunto de 26 pinturas do artista, que ampliam uma série intitulada "Dito Isto", iniciada em 2008.

Esta instalação insere-se no projeto "LU.GAR - Territórios Culturais", uma iniciativa da Memória Imaterial que propõe mapear territórios com baixa densidade de oferta cultural. Segundo José Barbieri, diretor artístico do projeto, "sobre esse mapa" pretende-se "inscrever novas narrativas que reinterpretem as memórias do lugar e que criem novas vivências utilizando discursos e percursos artísticos". Este projeto pretende ainda apresentar essas propostas artísticas digitalmente, a partir do website www.memoriamedia.net.

POR HOJE É TUDO

(Texto: Memoria Imaterial)

O novo conjunto de 26 pinturas amplia uma série (intitulada: DITO ISTO,) em pequeno formato, iniciada em 2008. A dita série constitui o espólio de um fictício pintor, anónimo, de letreiros, anúncios, cartazes, placards, slogans e panfletos. O dito espólio (108 pinturas em pequeno formato) foi duplamente apresentado em 2017: numa exposição individual na Galeria Monumental (intitulada: Escavação) e num livro de artista (intitulado com o nome da série: DITO ISTO,). No âmbito de LU.GAR.OCULTO, em 2019, na instalação #4 Silêncio (intitulada: A Voz dos Vencidos), realizada no Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição, em Alenquer, foram apresentadas novas pinturas da série DITO ISTO, – respetivamente, 24 pinturas de pequeno formato e 4 pinturas em grande formato – juntamente com uma seleção de 40 pinturas da exposição Escavação. Descortesias, rascunhadas em papéis velhos, enviadas para si próprio pelo correio. Abandonadas em bancos de transportes públicos. Apelos mortos no vazio interior. Fileiras de letras na borda do prato de sopa. Um rastro de palavras. Pó de giz. De pé, à beira da água, M.B. (talvez: Monelle Butler) confidencia-me um pensamento. Dizer ‘não’ é, porventura, o único poder dos que não têm poder. Quem diz ‘não’ terá de pagar o preço da desobediência. Normalmente, considera-se um preço exorbitante. Por um tal passo decisivo, se reconhecerá – no pior dos cenários – como morto. Querer agir por livre vontade é demonstrar um orgulho desmesurado. E muito pior: um desprezo do mundo. Por muito compreensivo que seja quanto a direitos legítimos e razões alheias, quem escolhe (ou se sente constrangido a) dizer ‘sim’ terá pouca vontade de ver alterado o seu modo de vida – real ou imaginado. Quem diz ‘sim’ terá, quanto muito, o desprezado – e incalculado – preço do arrependimento. Poderá imaginar o dia em que dirá: «tudo o que é precioso nada valia»? A expetativa de um maior ganho ofusca a eventualidade de um impacto indesejado na sua vida. A cerveja na ponta do corno. Acredita-se no que nos beneficia acreditar. Por isso, com maior ou menor devoção, os adeptos do ‘sim’ farejam heterodoxias e devoram palavras de ordem. Envoltos por infinidades de todos os lados, atalha fulminante o nosso colóquio: «Por hoje é tudo».

INSTALAÇÃO

https://lugar.memoriamedia.net

MAIS INFORMAÇÕES

www.memoriamedia.net

 

 

 


"Por hoje é tudo" é um projeto apoiado pela DGARTES.